O autismo é uma síndrome comportamental complexa que atinge três áreas: dificuldade de socialização, atraso na linguagem e alterações no comportamento, com movimentos repetitivos e restritivos.
O transtorno atinge de forma diferenciada cada autista, que tem níveis distintos de comprometimento — leve, moderado ou grave — e por isso precisa de atendimento diferenciado. Foi o que explicou Tatiana Roque, diretora do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), durante a audiência pública que trata do tema, realizada nesta segunda-feira (23) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).
Segundo Tatiana, o número de pessoas atingidas cresce cada vez mais. Em 1990, era um caso para cada 2,5 mil crianças nascidas. Hoje, a estimativa é de uma criança para cada 88 nascidas (números americanos). No Brasil, não há estatística oficial, mas levantamentos apontam que são 2 milhões de autistas no país.
— As políticas públicas precisam ser modificadas para atender essa grande demanda. O Brasil não tem estatística oficial, isso é uma falha grave, precisa ser mapeado, quantos temos e onde estão, para então intensificar as políticas — afirmou Tatiana.
Lívia Magalhães, diretora jurídica do Moab, explicou que a chamada Lei Berenice Piana, que criou a política de atendimento aos autistas, foi importante e permitiu o reconhecimento dos portadores da síndrome como pessoas com deficiência, mas infelizmente não é aplicada na íntegra. O decreto que regulamenta a lei instituiu que os tratamentos aos autistas sejam feitos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), do Sistema Único de Saúde, que são responsáveis pelos tratamentos de pessoas com todos os tipos de transtornos mentais, incluindo os que enfrentam problemas com consumo abusivo de álcool ou usuários de drogas.
— Esses locais são inadequados pela falta de estrutura física e profissional, sem tratamento multidisciplinar que os autistas merecem — disse Lívia.
Ambas cobraram a criação de centros especializados para atendimento aos autistas, clínicas com psiquiatras, neurologistas, fonoaudiólogos, terapeutas educacionais e ocupacionais, entre outros.
Fonte: Agência Senado